o peso do meu corpo está inerte
fraquejado, desregulado, inerte
derreamento constante de mim
espera fechada porta aberta
parede quebrada mal acabada
infiltração permanente
derramamento inconstante de mim
das lágrimas do desespero, da desespera.
janeiro 11, 2010
Escrevo-me
O dia todo procurei-te nos meus escritos, invento-te e admiro-me tanto. Minhas palavras me confortam de tal forma que eu não paro de te inventar. Agora eu já não roteiro, medidas, força. Você já não é mais aquilo que sempre foi, você sou eu. Meus sentimentos são seus. Meu caminho é longo e eu continuo escrevendo. Tenho vergonha dessas palavras jogadas. Paro, penso e reflito. Apago as luzes. No escuro relembro do vazio. Ligo o Play e vou me ensandecendo. Por ti, por mim, por nós.
Continuo sentado atrás da janela, vejo as ruas, os carros, o relógio. Fecho os olhos e me jogo à beira mar. Meus pensamentos se misturam. Aquele homem em pé com malas na mão se multiplica. Tira-me daqui. Quero ficar aí no seu quarto apertado, com todos os seus lamentos. Tive medo de te perder pra sempre. A vida é tão complicada. A gente podia sair, dar uma volta, ir pra bem longe. E fantasio e fantasio. Estou sozinho e já não te tenho mais. Tento te escrever, mas não consigo.
Eu fujo, corro, sem controle. Procuro-te em alguma direção. Não te encontro mais, já não me encontro mais. Vicio nesse jogo e agora quero parar. Não posso, meus sentidos estão despidos. Mal distinto. Sinto graça, perco a graça nessa busca incessante. Banquete seu. Vejo você me devorando e eu te admiro tanto. Permeio no vazio de mim, me sufocando nessa tua obsessão e continuo a escrever. Já não me lembro do seu rosto, tão pouco do seu sorriso. Perco a vontade de criar outras formas, possíveis formas. Não as suas, mas as minhas. Te rabisco no meu corpo, desânimo meu. Te quero aqui, te procuro aqui. Encontro um abrigo em mim. Te tenho no meu corpo todo. Você está escrito em mim.
Levanto-te com minhas palavras e revelo-te. Elas são mais fortes que meus sentimentos. Tiro a roupa. As portas entreolham-se e eu te tenho em mim.Eu grito mais ninguém me escuta. Entreaberta, entrefechada, deixo passar meia pessoa por vez. Eu me perco de ti. Disseram-me que era impossível. Mas o que seria possível agora?
Tento de novo, erro de novo. Perderam-se os acordos. Tiro as suas impurezas da minha pele e permaneço impassível, Tenho vergonha de ti misturado, apaziguado no meu corpo. Ponho a roupa do trabalho e permaneço nu. Ponho fogo nos meus escritos para você fugir de mim. Agora já não restam nada, apenas rascunhos seus.
Permaneço sentado, arraigado nesse pequeno banco. As minhas costas doem e minhas mãos se cansam e meus pensamentos se fortalecem. Sinto-me, Cheiro-me. Fico ausento de ti, de mim, de nós. Minha cabeça pesa e minha mão coça. Escrevo-me. Agora te tenho, aqui, bem perto, de novo.
Continuo sentado atrás da janela, vejo as ruas, os carros, o relógio. Fecho os olhos e me jogo à beira mar. Meus pensamentos se misturam. Aquele homem em pé com malas na mão se multiplica. Tira-me daqui. Quero ficar aí no seu quarto apertado, com todos os seus lamentos. Tive medo de te perder pra sempre. A vida é tão complicada. A gente podia sair, dar uma volta, ir pra bem longe. E fantasio e fantasio. Estou sozinho e já não te tenho mais. Tento te escrever, mas não consigo.
Eu fujo, corro, sem controle. Procuro-te em alguma direção. Não te encontro mais, já não me encontro mais. Vicio nesse jogo e agora quero parar. Não posso, meus sentidos estão despidos. Mal distinto. Sinto graça, perco a graça nessa busca incessante. Banquete seu. Vejo você me devorando e eu te admiro tanto. Permeio no vazio de mim, me sufocando nessa tua obsessão e continuo a escrever. Já não me lembro do seu rosto, tão pouco do seu sorriso. Perco a vontade de criar outras formas, possíveis formas. Não as suas, mas as minhas. Te rabisco no meu corpo, desânimo meu. Te quero aqui, te procuro aqui. Encontro um abrigo em mim. Te tenho no meu corpo todo. Você está escrito em mim.
Levanto-te com minhas palavras e revelo-te. Elas são mais fortes que meus sentimentos. Tiro a roupa. As portas entreolham-se e eu te tenho em mim.Eu grito mais ninguém me escuta. Entreaberta, entrefechada, deixo passar meia pessoa por vez. Eu me perco de ti. Disseram-me que era impossível. Mas o que seria possível agora?
Tento de novo, erro de novo. Perderam-se os acordos. Tiro as suas impurezas da minha pele e permaneço impassível, Tenho vergonha de ti misturado, apaziguado no meu corpo. Ponho a roupa do trabalho e permaneço nu. Ponho fogo nos meus escritos para você fugir de mim. Agora já não restam nada, apenas rascunhos seus.
Permaneço sentado, arraigado nesse pequeno banco. As minhas costas doem e minhas mãos se cansam e meus pensamentos se fortalecem. Sinto-me, Cheiro-me. Fico ausento de ti, de mim, de nós. Minha cabeça pesa e minha mão coça. Escrevo-me. Agora te tenho, aqui, bem perto, de novo.
janeiro 09, 2010
Marbanho
no entreabrir das portas
desaterro o meu corpo nu
despejando sua lama impregnada
pelos corredores da casa
que percorrem o quarto, a cozinha, o banheiro
as portas entreolham-se
e acabam ficando molhadas
definhando-se pelo movimento
das águas que devastam a sala
e permeiam os quatro cantos da casa
eu permaneço ali
inundado pela enchente da cama
submerso nesse solo encharcado
de lama, lágrima, pus e suor
na espreita da sua chegada
e na espera da sua partida
poder navegar pelo seu corpo inavegável
que evapora-se no encontro das águas
que percorrem as valas da calçada
rumo a saída da casa
para que no entrefechar das portas
eu tenha a capacidade de me asfixiar
na ausência da sua humidade
desaterro o meu corpo nu
despejando sua lama impregnada
pelos corredores da casa
que percorrem o quarto, a cozinha, o banheiro
as portas entreolham-se
e acabam ficando molhadas
definhando-se pelo movimento
das águas que devastam a sala
e permeiam os quatro cantos da casa
eu permaneço ali
inundado pela enchente da cama
submerso nesse solo encharcado
de lama, lágrima, pus e suor
na espreita da sua chegada
e na espera da sua partida
poder navegar pelo seu corpo inavegável
que evapora-se no encontro das águas
que percorrem as valas da calçada
rumo a saída da casa
para que no entrefechar das portas
eu tenha a capacidade de me asfixiar
na ausência da sua humidade
sem título
Você está raso.
A sua indiferença expande
para todos os lados.
Invade, destrói, alcança.
E você permanece raso.
Em um minuto sem pensar
me afoguei na sua piscina rasa de estar.
Estranho, eu que sabia nadar e
que conseguia colocar meus pés no chão.
Eu não sei se fui idiota demais ou se
foi você que não me deixou afogar em paz.
Na imensidão do teu mar, do céu.
Você, uma nuvem que por mim passou.
E agora, eu já não consigo te alcançar.
Na rapidez do teu acenar
que sem olhar pra trás
sem perceber
me fez ser incapaz nesse seu estado de ser.
A sua indiferença expande
para todos os lados.
Invade, destrói, alcança.
E você permanece raso.
Em um minuto sem pensar
me afoguei na sua piscina rasa de estar.
Estranho, eu que sabia nadar e
que conseguia colocar meus pés no chão.
Eu não sei se fui idiota demais ou se
foi você que não me deixou afogar em paz.
Na imensidão do teu mar, do céu.
Você, uma nuvem que por mim passou.
E agora, eu já não consigo te alcançar.
Na rapidez do teu acenar
que sem olhar pra trás
sem perceber
me fez ser incapaz nesse seu estado de ser.
sem título
estou em
mim
dentro de
mim
perambulo pelo
meu corpo
descobrindo sua
vastidão
percorro um rio
sem fim
que dá voltas
pelas minhas veias
e me faz
estar
vivo
mim
dentro de
mim
perambulo pelo
meu corpo
descobrindo sua
vastidão
percorro um rio
sem fim
que dá voltas
pelas minhas veias
e me faz
estar
vivo
Dor
Regresso pelo meu caminho, percorro o quarto, a praia, a cozinha. Deparo com a comida em que você não tocou. E é nesse instante em que eu começo a fechar portas, gretas. Não há mais abertura entre nós. Eu a fecho por mim. Não posso mais retroceder e nem passar por portas em que eu não abri. E eu não abri por medo. Medo de me prender a você. E é por isso que agora eu tomo remédios e é esse tipo de dependência que existe entre nós: os remédios em que eu tomo todas as noites para te esquecer.
em mim
Não há nada
Houve-se apenas ruídos
Ouve-se apenas suspiros meus
Não pra ti, não por ti.
Atravesso esse rio vermelho
Oculto discursos seus
Lembranças minhas
Devaneios
Passa-se das 6h
Não te ligo mais
Desligo de você
Calo-me e deixo-te durmir
Por que agora, não há nada além de mim.
Houve-se apenas ruídos
Ouve-se apenas suspiros meus
Não pra ti, não por ti.
Atravesso esse rio vermelho
Oculto discursos seus
Lembranças minhas
Devaneios
Passa-se das 6h
Não te ligo mais
Desligo de você
Calo-me e deixo-te durmir
Por que agora, não há nada além de mim.
inacabado
O tempo parou e eu fiquei parado ali pra sempre. Sinceramente eu não conseguia me mover. Não acontecia nada a minha volta. Eu estava parado olhando. Só olhando. Nada se movia. A minha pele começara a ficar dura, perdendo a circulação e eu continuava ali parado, estático, sem me mover. Esperava por alguma coisa que me fizesse levantar, me movimentar. E nada acontecia. O meu coração batia lentamente. Estava em choque. E eu: parado, olhando e esperando.E nada se movia.
na mesma margem
Simplesmente ando (pausa)...sozinho (pausa)...por aí (pausa)...sem finalidade (pausa)...sem ansiedade (pausa)....ando (pausa)...sem motivo (pausa)....é uma necessidade andar (pausa)...ando (pausa)...pra tentar (pausa)...esquecer (pausa)...vestido (pausa)...ando (pausa)...de uma direção a outra (pausa)...não querendo chegar (pausa)...ando (pausa)...novamente (pausa)...sem finalidade (pausa)...sem ansiedade (pausa)...ando (pausa)...sem motivo (pausa)...pra tentar (pausa)...você sabe (pausa)...vestido (pausa)...preciso andar (pausa)...sozinho (pausa)...novamente (pausa)...ando (pausa)...agora dói mais (pausa)...ou menos
(pausa)...ou não dói (pausa)...simplesmente ando (pausa)...por aí (pausa)...sem finalidade (pausa)...sem ansiedade (pausa)...sem motivo (pausa)...ando (pausa)...não consigo parar (pausa)...ou não sei (pausa)...ou não sei...ou não consigo (pausa)...apenas ando (pausa)...por aí (pausa)...sozinho (pausa)...indo de uma direção a outra (pausa longa)...ando.
(pausa)...ou não dói (pausa)...simplesmente ando (pausa)...por aí (pausa)...sem finalidade (pausa)...sem ansiedade (pausa)...sem motivo (pausa)...ando (pausa)...não consigo parar (pausa)...ou não sei (pausa)...ou não sei...ou não consigo (pausa)...apenas ando (pausa)...por aí (pausa)...sozinho (pausa)...indo de uma direção a outra (pausa longa)...ando.
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