Ainda
não sei falar sobre o outro que está pelas partes. O outro pulsa. Respira. Se
dá a ver sensorialmente. Companhia que cerca por pequenos instantes. Pequenas
latências. Possui traços esfumaçados.
Talvez o outro seja ressonância. Escuta. Movimentos por minúsculos que pareçam.
Cheira estar e não estar como sensação daquilo que se passa através. Em infinitas
direções. Transitando, desmanchando e recriando por movimentos ziguezagueantes.
Imprevisíveis. Nascem das micros percepções. O outro cresce. Volta e vai.
Confunde, entrelaça, interage. O outro é algo que conduz. De qualquer forma o
outro não sou eu.
Talvez
o outro esteja escondido por detrás de alguma coisa. Bom se fosse verdade. Jamais
uma forma única. O outro engana. Está fadado a desaparecer. Mas não é vazio. Escapa.
Aparece desaparecendo. Desde o princípio desfazimento. Quem sabe o outro não
seja aquilo que se apaga. Luz que desaparece. Fugição. Abandono. Mas quando
surge irrompe novas percepções. É repentino. É piscadela. É também presença
poética de estar. Talvez ele nem tenha tocado em mim. Mas há rastro que ele
passou. Em todo o caso sem poder ser visto. Sendo fluidez. Impedimento. Equilíbrio
precário de companhia. O outro é relacional. É brincadeira. É coisa rara.
Redescoberta. Acaso. Diferença. Sem estabelecer o que é. Ah, quem dera ser
possível denominar o outro.
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