agosto 23, 2016

Desejo de ver o outro que se desaparece.



Ainda não sei falar sobre o outro que está pelas partes. O outro pulsa. Respira. Se dá a ver sensorialmente. Companhia que cerca por pequenos instantes. Pequenas latências.  Possui traços esfumaçados. Talvez o outro seja ressonância. Escuta. Movimentos por minúsculos que pareçam. Cheira estar e não estar como sensação daquilo que se passa através. Em infinitas direções. Transitando, desmanchando e recriando por movimentos ziguezagueantes. Imprevisíveis. Nascem das micros percepções. O outro cresce. Volta e vai. Confunde, entrelaça, interage. O outro é algo que conduz. De qualquer forma o outro não sou eu. 
Talvez o outro esteja escondido por detrás de alguma coisa. Bom se fosse verdade. Jamais uma forma única. O outro engana. Está fadado a desaparecer. Mas não é vazio. Escapa. Aparece desaparecendo. Desde o princípio desfazimento. Quem sabe o outro não seja aquilo que se apaga. Luz que desaparece. Fugição. Abandono. Mas quando surge irrompe novas percepções. É repentino. É piscadela. É também presença poética de estar. Talvez ele nem tenha tocado em mim. Mas há rastro que ele passou. Em todo o caso sem poder ser visto. Sendo fluidez. Impedimento. Equilíbrio precário de companhia. O outro é relacional. É brincadeira. É coisa rara. Redescoberta. Acaso. Diferença. Sem estabelecer o que é. Ah, quem dera ser possível denominar o outro.