Peço desculpas por te escrever nesse papel manchado de café.
E sobre o fraquejo da letra, peço desculpas também. Minha caneta não está nada
boa. Mas, ainda assim, continuo a escrever. Peço desculpas pelos longos silêncios
de uma palavra para outra, mas eu não encontro as palavras. Ontem aconteceu uma
coisa estranha, acho que não te contei sobre isso, mas se eu já tiver te contado,
peço desculpas. Sei que você perde o calor quando você escuta uma coisa já
contada, e não gostaria que isso acontecesse com você. Peço desculpas, mas não
devia ter escrito isso, peço que você pule esse pedaço para que eu não tenha
que rasurar essa parte. Assim, o papel não resistiria. Já tem o café, a caneta
falha, na qual, volta e meia, eu reforço algumas meias palavras. Mas não quero
grifar nada. Peço desculpas, se isso parecer. Enfim, cada parte
daqui fui eu mesmo que escrevi. Já fiz algumas tentativas. Espero que
esta não tenha o mesmo fim. Nisso tudo, meu único receio é que este papel não
chegue a você, e que, assim, você não receba tudo aquilo que está aqui dentro.
Do seu.