fevereiro 22, 2010

Jazz

de poucos em poucos
não muito você
não muito eu
...
das muitas poucas coisas
que pouco restou de ti
resta eu despedaçado
...
resta pouco de mim
.
pouco a pouco vejo
você malsinado
pelo caminho
.
você jaz perdido
...
eu jazido
...
ao jazz
.

fevereiro 21, 2010

Digo, resta você nos atritos da nossa desolação.

.

Instante após de onde não mais estava ele exíguo de si mesmo permaneceu calado apagando-se nas palavras sendo antípoda do tempo movendo-se na aspereza do contato da pele com outra pele que de onde estava ouvia-se os gemidos mudos da noite.

fevereiro 19, 2010

..

Corpo esvaecido
que transborda as sobras
que jorra, malogrado, as dobras
que se esvai com o tempo.

fevereiro 18, 2010

...

Demorou-se ainda
bem mais que ainda fosse
o tempo passou por aí.
Por aqui ele permanece distante
tempo apartado de ti.
Até o meu dia enfim
até o dia que eu
ainda preso, ainda sentado...

Demorou-se a passar por aí.

Queria estar aí, sentado
com o tempo pregado em ti
tempo presente, tempo colado.
Até o dia em que eu...

preso ao tempo...
que acaba morto...
até o meu dia enfim.

fevereiro 14, 2010

E nas poças deram árvores

aqui jaz uma escrita
nada de palavras
sepulto as tentativas do amor
sepulto à ti, a mim, a nós
dor substituída pela dor



Vou restituindo tudo, secando as águas , cegando a vida
Incompreendida por ter visto que nas poças nascem árvores.

fevereiro 09, 2010

quanto mais escrevo, mais sou escrita.

fevereiro 04, 2010

Ao Inominável

Somos ressecamento de palavras
divisão permanente nas entrelinhas
desfechos do dia-a-dia.


Naturalmente, sei que estou escrevendo para nada. Sou silêncio vazado vagando a casa. Percorrendo a mobília perdida pela enchente provocada por nós. Olha, aquela chuva entre nós invadiu a minha casa. Aqui está tudo alagado, nossa cama está inundada, daqui a pouco fica tudo mofado como as nossas vidas. Foi tudo deságua provocada por nós. Água vazando pelos nossos orifícios. Nossos corpos se lacrimejando, corpos dolentes. Hoje eu não consigo nos diferenciar, mas sei que deve existir alguma coisa bem forte que me separe de você, embora estejamos separados. E talvez nunca estivemos juntos. E se você existir mesmo, peço distância. E se for muito difícil, peço que não venha mais.

fevereiro 02, 2010

a conta-gotas

desagua no desencontro desse mar morto
em que me encubro, descubro, pertenço
é por ti que permaneço apaziguado
no silêncio doloroso da falta
apoio-me no mar,revolvendo-me
depois fico inerte na minha
secreta vitória-régia
é no vazar das águas
que eu te procuro
os lábios